segunda-feira, 7 de julho de 2008

Extra!

Eu acordei maravilhado com um sonho. Tão maravilhado que tentei de todas as formas não esquece-lo, queria todos os detalhes, palavras, pessoas, as cores, cheiros e o roteiro completo. Eram quase 10 da manhã, cedo para um domingo meu. Mas sentei na cama meio rindo com a certeza que tinha achado a resposta da vida. Procurei uma caneta na mesinha do lado e, claro, não achei. Pulei da cama, corri pra pegar minha mochila no guarda-roupa. Tinha largado em outro canto da casa. Caneta, caneta, caneta. Achei um toco de lápis de cor. Papel, papel, papel. Cadê? Corri pra cozinha e peguei a caderneta de telefone. Nenhuma folhinha livre. Papel de pão serve. Rasguei um pedaço, peguei uma revista pra apoio, sentei na poltrona verde e comecei a escrever o sonho. Hum. Ahn.Como era mesmo? Nossa mãe. Cadê os detalhes, palavras, pessoas, cores, cheiros e roteiro completo? Songs in the key of life. Sobrou essa frase e uma cena num quarto com um violão sem cordas e pessoas me chamando pela janela. Como é que pode? Num segundo os anjos levaram tudo de mim. Um violão sem cordas, um quarto, uma janela, pessoas. Que sem graça. O barulho da mangueira ligada no jardim com minha mãe cantando baixinho, o sol quente daquele domingo e meu pai folheando o jornal na sala da frente me fez esquecer o papel de pão escrito com lápis de cor vermelho no braço da poltrona verde e partir com vontade pra cima do bolo com leite e nescau. O valor secreto de dormir acordado com gosto de coisa gostosa na boca foi quebrado pelo telefone que tocou, tocou, tocou, até que minha irmã atendesse.